26 de abr. de 2012

A Anunciação e a cooperação do homem na obra da salvação


“Maria respondeu: Eis a escrava do Senhor; que me seja feito segundo vossa palavra” (S. Lucas 1, 38).

INTRODUÇÃO
Nossa Senhora, apesar das poucas vezes em que aparece na Sagrada Escritura, nos deixou matéria abundante de meditação.
Hoje gostaria de considerar, na curta passagem da Anunciação, transmitida até nós por São Lucas, a conduta de Deus e um exemplo da Santíssima Virgem. Assim poderemos conhecer melhor nossa Mãe, amá-la mais e imitá-la por um zelo prudente e intenso pela salvação das almas.
Maria, depois de ter verificado a missão divina do arcanjo Gabriel, chama o Verbo de Deus até seu ventre, por meio de seu consentimento.

O CONSENTIMENTO PEDIDO
A Providência, apesar de onipotente e podendo agir sozinha, pede a cooperação do homem em toda obra de salvação. É uma honra imensa oferecida à atividade livre do homem. Mas é também um mistério profundo e terrível!
Se já é coisa temível carregar em nossas mãos a responsabilidade de nossa salvação, o que será tomar nelas a responsabilidade da salvação dos outros?
Não somente a salvação pessoal dos homens já adultos pede, sem qualquer dispensa, a cooperação deles à graça que Deus nos dá, mas mesmo a salvação de outras pessoas depende daqueles homens escolhidos por Deus como instrumentos de sua graça: instrumentos voluntários e livres, que Deus não obriga!
Com que energia São Paulo exprime esta lei: “Como crerão naquele em quem não ouviram falar? E como ouvirão falar nele se não há quem lhes pregue?” (Rom. 10, 14).
A fé supõe a pregação. Esta supõe o pregador, e o pregador é livre.
Vejamos também o imenso e temível poder dos pais, dos professores, das pessoas que convivem num mesmo estado de vida, para perder ou para salvar outras almas!
Daí se segue uma dupla conclusão:
1. Ajuda-te a ti mesmo, e o céu te ajudará. Este provérbio se aplica à nossa própria vida espiritual. A correção de nossos vícios, a santidade, nunca serão obtidas sem nossa vontade. Essa boa vontade é, seguramente, uma graça, mas ela é também a cooperação livre a uma graça anterior.
2. Devemos trabalhar na salvação de nossos próximos. Nossos atos e ações sempre foram santificadores, levando o outro para o bem, para algo melhor? Foram tão fervorosos quanto poderiam ter sido?
Esta festa da Anunciação é uma ocasião propícia para tomarmos a resolução de nos darmos sem reservas à salvação das almas. Consideremos estas palavras de São Paulo: “Muito livremente eu daria o que possuo e me consumiria totalmente por vossas almas; e, entretanto, vós não me amais tanto quanto eu vos amo” (2 Cor. 12, 15).